HOMENAGEM FEITA EM 2008 AM RUA LEIDE das NEVES. MANAUS AM

HOMENAGEM FEITA EM 2008 AM RUA LEIDE das NEVES. MANAUS AM
20 anos depois procurar meus direito tomados!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

feridas ocultas!

Feridas ocultas 20 anos depois
Vítimas buscam indenizações, tratamentos médicos e psicológicos duas décadas após a tragédia iniciada no antigo Bairro Popular, em Goiânia

12/09/2007

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“Quando cheguei ao Rio de Janeiro, a Leide ainda estava brincando.” A dona de casa Luiza Odet Mota dos Santos, 48, fala melancólica sobre as lembranças do acidente com o césio 137. Ela é tia de Leide das Neves, a menina que se tornou o retrato humano de uma tragédia química, e morava no barracão no mesmo lote para onde o pai da garota, Ivo Ferreira, levou a cápsula contendo o material radioativo para mostrar à família. Ao visitar o primo Devair, irmão de Ivo, que estava doente, Luiza foi para o quarto de Leide para ver a novidade. “Titia, vem ver a pedrinha brilhosa que o papai trouxe”, lembra o convite da sobrinha. Em seguida, Ivo entrou no quarto e, em tom de brincadeira, disse que faria com que a pedra ficasse bonita. Aplicou um pouco do pó azul em seu pescoço, local em que, até hoje, a dona de casa guarda uma profunda lesão. Luiza ainda pegou um pouco de césio 137 para mostrar ao marido, Kardec Sebastião dos Santos.

Esta, que é apenas uma das cenas do trágico acidente radiológico que se iniciou no antigo Bairro Popular, em Goiânia, completa 20 anos amanhã. Período longo para quem carrega o fardo de ter se contaminado com o elemento césio 137. Para o poder público, período curto para que se tome providências, reconheça os atingidos, faça valer os direitos. Após duas décadas, as feridas deixadas pelo césio continuam abertas em Goiás. Vítimas diretas e indiretas ainda lutam para conseguir aposentadorias, tratamentos médicos e psicológicos.

“Nós não vamos cruzar os braços. Não existe vontade política para resguardar as vítimas do césio 137 em Goiás”, desabafa Odesson Alves Ferreira, 52. Ele é uma das 16 pessoas que tiveram contato direto com o material radioativo em 1987 e preside a Associação das Vítimas do Césio. Odesson explica que 1.194 associados são vítimas do césio 137. Porém, em 1989, a Lei Estadual 10.977 garantiu pensão, assistência médica e acompanhamento pela Superintendência Leide das Neves (nome dado ao órgão que monitora as vítimas) a 122 pessoas. Na gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso, mais 127 pessoas conseguiram pensão por parte do governo federal.

Em 2002, um ajustamento de conduta garantiu benefícios a mais 417 vítimas a serem pagas pelo governo de Goiás, porém nunca receberam. “Elas não conseguem provar na Justiça o vínculo com o acidente. O Poder Judiciário baseia-se somente em provas factuais. Os critérios são muito técnicos, a Justiça não aceita como prova o endereço residencial, vínculo trabalhista, parentesco com vítimas contaminadas. Fica praticamente impossível comprovar”, destaca Odesson. Hoje, segundo ele, existem mais de mil processos nas justiças estadual e federal para tentar garantir pensão às vítimas. Na época, não foram feitos exames e provas periciais em grande parte daqueles que tiveram contato direto com pessoas contaminadas com o césio 137.

E a morosidade provoca mortes. Levantamento realizado pela Suleide aponta 52 falecimentos, entre os 734 cadastrados. Doze deles em decorrência de câncer, mas que não podem ser vinculadas à tragédia por falta de estudos que comprovem essa relação.

CICATRIZES
Kardec Sebastião dormiu, sem saber, com um pouco do material radioativo debaixo do braço, o que provocou uma lesão profunda. No outro dia cedo, Luiza foi visitar a sogra na cidade vizinha de Anápolis sem imaginar que estava irradiando radioatividade. Lá, contaminou várias pessoas, entre elas, uma sobrinha de apenas 1 ano de idade. “Eu prefiro não falar muito sobre o assunto. Nós sofremos demais, o que aconteceu com nossa família foi muito grave.” Luiza foi levada ao Rio de Janeiro (RJ) para tratamento e só retornou para casa três meses depois. “Foi muito triste. Separei-me dos meus quatro filhos, não sabia o que poderia acontecer comigo e com eles. No Rio de Janeiro, usávamos somente materiais descartáveis. Tudo que a gente tocava era considerado lixo radioativo.”

O aposentado Jorge de Morais Rego Ribeiro, 51, também é personagem da tragédia. Trabalhava como motorista da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) no Rio de Janeiro, em 1987, ano do acidente com o césio em Goiânia. Ele conta que foi um dos encarregados pelo transporte de vítimas que tiveram contato direto com o material, ao desembarcar no Aeroporto Galeão, levadas por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Foi Jorge quem levou Leide das Neves, Ivo (pai da garota) e outras pessoas transferidas para fazer tratamento de saúde e acompanhamento para a área de segurança reservada.

Segundo Jorge, as primeiras vítimas que saíram da Capital ficaram isoladas em um local restrito e com proteção à radiação no Hospital Naval Marcílio Dias. Ele afirma que grande parte dos funcionários da Cnen não possuia equipamentos de proteção adequada para o trabalho envolvendo vítimas e lixo radioativo. “Acompanhei os dias de vida de Leide das Neves no hospital, vi de perto seu quadro de saúde piorar. Cheguei até a levar balas para ela no dia de São Cosme e Damião”, lembra. Jorge reside em Manaus, capital do Estado do Amazonas, há 14 anos. Tem um casal de filhos e defende o reconhecimento pela União de todas as pessoas envolvidas nos trabalhos e que foram contaminadas, como muitos policiais militares de Goiânia.

O motorista acredita que também esteja entre essa gente. Com o passar dos meses, em trabalho diário, transportando pessoas e lixo radioativo, Jorge começou a sentir inchaço no corpo e a perder peso. Pesava 72 quilos e emagreceu continuamente até atingir os 46 quilos. Além disso, teve úlcera, perdeu os dentes e teve problemas urológicos. Em 1992, ele foi aposentado por invalidez pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Ele se sente injustiçado por não ter sido aposentado com o salário proporcional ao que ganhava como motorista e também por não ter recebido indenização pela contaminação que sofreu.

“Hoje, recebo apenas um salário mínimo. Na época, eu recebia cerca de oito vezes mais. É uma injustiça!”, desabafa. Jorge chegou a entrar com processo de revisão de aposentadoria, mas sem resultados. A vontade dele era ser enquadrado como inativo do Cnen, autarquia federal criada em 1956 e vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia. A comissão atua como órgão de planejamento, orientação, supervisão e fiscalização. Estabelece normas e regulamentos em radioproteção e licencia, fiscaliza e controla a atividade nuclear no Brasil.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

portal da globo g1.

Glauco Araújo Do G1, em São Paulo

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Jornal Nacional
Rede Globo
Vítimas do vazamento de césio-137, em Goiânia, ainda sofrem com preconceito (Foto: Reprodução /TV Globo)
saiba mais

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Vítimas do césio-137 estão há um ano sem medicamentos
*
Ato em SP relembra 20 anos do acidente com Césio 137
*
Greenpeace lembra acidente com césio 137

VC no G1 vc no g1

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Césio 137: terror radioativo faz 20 anos

A tragédia com o césio-137, em Goiânia, completa 20 anos nesta quinta-feira (13) e muitas vítimas ainda sofrem com doenças provocadas pelo material radioativo e, principalmente, com o preconceito provocado pela falta de informação sobre o caso.

Segundo Odesson Alves Ferreira, 52 anos, presidente da Associação das Vítimas do césio-137, a maior dificuldade vivida nesses de 20 anos é o reconhecimento dos direitos das pessoas contaminadas. "Precisamos de um centro de referência de estudo para acompanhamento das vítimas."

Ferreira, que também foi vítima do acidente, disse que o preconceito vai durar a vida toda. "A sociedade não permite que a gente consiga arrumar trabalho. É a falta de informação que provoca isso. O pior é que o longo tempo de exposição ao preconceito faz com que as vítimas não se reconheçam como pessoas comuns. É um efeito psicológico muito forte."

A dona-de-casa Lourdes das Neves, 55 anos, mãe da menina Leide, que morreu com 6 anos, em 1987, disse que procura o isolamento para enfrentar o preconceito (leia entrevista). "Perdi amigos e tive de recomeçar minha vida do zero. Desde a perda de parte de minha família até conseguir fazer novos amigos."

Conflito de estatísticas

Airton Caubit, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), disse que o número exato de vítimas atingidas pelo césio-137 sempre provocou polêmica. "O número nunca bateu e, talvez, nunca vá bater. O que posso dizer é que quatro pessoas morreram em decorrência da contaminação. Esse é o número que sempre foi certo."

Caubit afirmou que os números do Cnen totalizam 249 pessoas com grau de contaminação. “Destas, 129 precisaram de isolamento. Depois, o número caiu para 120 e é este o indicador final que temos atualmente.”

Para Odesson, o número de vítimas atingidas pela contaminação com o césio-137 passa de 1,2 mil pessoas. “Apenas 129 ou 120 pessoas receberão assistência para a vida toda, pois a contaminação foi maior e por isso estão inseridas no grupo 1. Há outro estágio de contaminação, a indireta, que soma mais de 100 vítimas. Este é o grupo 2. O total da soma são pessoas que tiveram problemas com bens, imóveis e problemas financeiros por conta do acidente. Estas estão no grupo 3 e não têm apoio algum.”

Segundo dados da Superintendência Leide das Neves (Suleide), os números permanecem conflitantes. “Inicialmente, são 56 pessoas no grupo 1 e outras 46 no grupo 2. Hoje, temos 156 vítimas nesses dois grupos por causa dos descendentes, filhos ou netos das primeiras 102 vítimas. Além delas, atendemos outras 578 pessoas que apresentam algum tipo de sintoma. Elas trabalharam no local do acidente ou são parentes das vítimas do grupo 1. No total, temos registros de 734 pessoas assistidas.”

Tratamento

Por lei, 120 vítimas que tiveram contato direto com o césio-137 deveriam ter assistência médica integral até a terceira geração. Esse apoio é responsabilidade da Suleide, mantida pelo governo do estado.

Em agosto, vítimas do acidente enfrentaram problemas para conseguir medicamentos para o tratamento. Segundo o superintendente interino José Ferreira, 49 anos, o problema foi solucionado no começo de setembro. “A medicação para esse caso muda de uma semana para outra. Os valores são pequenos, mas a dificuldade é que são vários tipos de remédios, o que dificulta a negociação com fornecedores. Felizmente, fechamos um convênio com redes de farmácias para equacionar o problema.”

Ferreira disse que a medida é temporária, pois o ideal seria que a superintendência tivesse recursos próprios para a compra dos remédios. “É essa a situação que precisa ser resolvida. Isso daria mais agilidade ao tratamento das pessoas.”

"Vamos fazer uma caminhada com velas acesas no local principal da contaminação. Além disso, queremos fechar uma agenda para o ano de 2008. A falta de atendimento às vítimas ainda é um problema e queremos buscar apoio do Ministério da Saúde e do governo do estado", disse Odesson.

JORNALISTA CARLA LACERDA

Descrição

Tentei, mas de antemão aviso aos mais incautos: não dá para descrever, em sua totalidade, o sofrimento das vítimas do acidente com o césio-137. Cada palavra aqui digitada é simplória. Ineficiente. Injusta diante dos percalços enfrentados por aqueles que, involuntariamente, se tornaram protagonistas da maior tragédia radioativa do mundo em área urbana.
Durante quase um mês acompanhei a rotina de diversas pessoas afetadas pelo acidente.
Um dos objetivos da série publicada pelo jornal HOJE, entre agosto e setembro de 2007, era reconstruir a história a partir dos relatos de quem se encantou ou, de forma não deliberada, acabou se envolvendo com — e pelo — “brilho da luz azul”.
Mais do que recontar o desastre, as reportagens do HOJE optaram por priorizar a trajetória das vítimas. Afi nal, mesmo depois de duas décadas — e em meio ao turbilhão de dados, números, informações, desinformações, incertezas e preconceitos dos últimos anos —, elas guardam na memória “capítulos” de um livro ainda em curso. E foram
esses os registros que decidi colher. Direto da fonte.
Como estão os sobreviventes? O que sentem? Como era o dia-a-dia antes daquele domingo, 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado para tratamento de câncer — que continha a cápsula de césio — foi encontrado por dois rapazes em um terreno baldio onde funcionava o antigo Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), hoje
o Centro de Convenções?
As respostas a esses questionamentos geraram dez reportagens e estimularam a criação deste livro. Depois de encerrada a série, e ainda impressionada com os depoimentos, fui atrás de outras vítimas. Confesso: é complicado pincelar dados para publicá-los quando se está diante de um universo tão vasto. A Superintendência Leide
das Neves (Suleide) reconhece e faz o acompanhamento de 733 pessoas, que considera vítimas diretas e indiretas do acidente. Estimativas extra-ofi ciais, entretanto, elevam o número para 1.500.
Frente ao desafi o, algumas opções. Juntei os relatos de 20 sobreviventes, quantidade escolhida por causa das duas décadas da tragédia, completadas em 2007. Contei com a colaboração incansável e valiosa do então presidente da Associação das Vítimas do
Césio-137, Odesson Alves Ferreira, tio da menina Leide das Neves, 6, vítima-símbolo da tragédia. Odesson forneceu dados, tirou dúvidas e revelou onde poderia encontrar as pessoas afetadas pelo material radioativo em 1987.
Cada capítulo do livro equivale à história de um personagem. Na verdade, 18 pessoas que estiveram envolvidas de alguma forma com o acidente expõem suas recordações.
Os dois capítulos fi nais não são baseados em depoimentos de vítimas. O 19º retrata a busca da autora pela versão de um desses sobreviventes. Já o capítulo de número 20 traz uma curiosidade: a história de Gumercindo Marçal, um senhor de 84 anos que vive no
lote onde há 20 anos morava a família de Leide das Neves. No quintal do octogenário nasceram árvores contaminadas pelo césio.
Entre as vítimas que narram seu envolvimento com o elemento radioativo estão sete das 14 que precisaram ser transferidas para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de
Janeiro. A unidade carioca era a responsável por atender os contaminados em estado
mais grave. Dos pacientes internados, quatro não retornaram vivos a Goiânia. Maria
Gabriela Ferreira, 37; Leide das Neves Ferreira, 6; Israel Batista dos Santos, 22; e
Admilson Alves de Souza, 18.
O tio e o pai da menina Leide, respectivamente Devair Alves Ferreira e Ivo Alves
Ferreira, faleceram anos mais tarde. Segundo os laudos, o primeiro de cirrose, em 1994; o
segundo de insufi ciência respiratória, em 2003. Embora não divulgado na época, o laudo
de Devair também aponta que ele tinha câncer em dois órgãos: na próstata (um adenocarcinoma
focal) e no esôfago superior (um carcinoma epidermóide micro-invasivo).
Dos oito sobreviventes que passaram pelo Marcílio Dias, sete contam nas páginas
seguintes suas experiências, traumas, medos e lembranças. Apenas um não foi localizado:
Geraldo Guilherme da Silva, foco do capítulo 19. Funcionário do ferro-velho de Devair,
foi ele quem levou a cápsula do césio, junto com Maria Gabriela Ferreira, à Vigilância
Sanitária. Sem imaginar a repercussão que o caso teria, eles evitaram que a extensão
do acidente fosse ainda maior.
Como os 20 capítulos do livro são independentes, apresentamos um índice com um
breve resumo de cada personagem central. Assim o leitor pode escolher por onde começar
a leitura. No fi nal da obra, um anexo sobre questões atuais, como processos judiciais,
saúde das vítimas e o depósito de Abadia de Goiás, para onde foi transportado o lixo
radioativo acumulado do acidente.
Como reforcei linhas acima, a obra sustenta-se nos depoimentos de alguns dos sobre
viventes. Dou publicidade ao que eles pensam, sentem e se recordam sobre setembro de 1987. Não é objetivo investigar as contradições verifi cadas. E não foram raras. É válido destacar que as lembranças das vítimas nem sempre vieram acompanhadas de precisão numérica. Algumas versões e datas não batem, evidenciando também detalhes díspares.
Independentemente das divergências, ou do eventual choque com notícias publicadas pelos jornais da época, mantive a integridade dos relatos confi denciados.
A mim, e espero que a você também, não importa como a história foi divulgada pelos órgãos ofi ciais nos últimos anos. Importa saber como ela foi guardada no coração e na mente de quem carrega marcas indeléveis de um trauma ainda não superado.

domingo, 16 de agosto de 2009

AS MANIFESTACOES DE 2007!!

JUSTIÇA

As primeiras indenizações por danos materiais às vítimas do acidente com o césio-
137 foram concedidas apenas em 2007, duas décadas após a tragédia. No dia 22 de
outubro, a 6ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região determinou, por
três votos a zero, que os sete réus responsabilizados civil e criminalmente pelo desastre
paguem quatro salários mínimos mensais (R$ 1.520) a Wagner Mota Pereira, 39, e
Roberto Santos Alves, 41. A decisão vale até o aniversário de 70 anos das vítimas e é
retroativa a 1987, ano em que eles encontraram a cápsula do césio abandonada entre
os escombros do antigo Instituto Goiano de Radioterapia (IGR).
A Justiça Federal em Goiás, em 2002, já havia divulgado parecer favorável aos
catadores. Entretanto, como os réus impetraram recurso contra a decisão, a ação seguiu
para o TRF, onde fi cou parada por mais quatro anos. A recente votação ainda pode ser
questionada no Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
Até hoje as duas vítimas sofrem com as seqüelas decorrentes do acidente. Roberto
teve o antebraço direito amputado e Wagner fi cou com mãos e pés lesionados, além de
ter problemas hematológicos.
A responsabilidade criminal da tragédia foi julgada na década de 90, quando os médicos
Orlando Teixeira, Criseide Dourado e Carlos Bezerril, donos do antigo IGR, bem
como o físico responsável pelo manuseio da bomba de césio-137, Flamarion Barbosa
Goulart, foram condenados a três anos e dois meses de prisão em regime semi-aberto
por homicídio culposo (sem intenção de matar). Em 2000, a Justiça apontou os réus do
processo civil: Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), o Instituto de Previdência
dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo), o médico Amaurillo Monteiro de Oliveira
— antigo sócio do IGR — e o físico hospitalar Flamarion Barbosa Goulart.
As penalidades oriundas da decisão civil variaram. A Cnen fi cou obrigada a recolher
R$ 1 milhão; o Ipasgo, o médico e o físico, R$ 100 mil cada um para o Fundo de
Defesa de Direitos Difusos, destinado a reparo e prevenção do ambiente e dos direitos
indígenas, entre outros fi ns. Além disso, o órgão federal fi cou encarregado de garantir
atendimento médico-hospitalar, técnico-científi co, odontológico e psicológico às
vítimas diretas e indiretas, reconhecidamente atingidas, até a 3ª geração; viabilizar o
transporte daquelas em estado mais grave para a realização de exames; prosseguir o
acompanhamento médico da população de Abadia de Goiás, vizinha do depósito; bem
como prestar eventual atendimento médico, em caso de contaminação; e monitorar os
casos de câncer na região.
Outros processos correm na Justiça Federal e Estadual, mas não se tratam de indenizações.
Não existem números ofi ciais, estima-se 170 processos. São ações protocoladas
por pessoas que pedem a inclusão na lista de vítimas que recebem pensões vitalícias
da União e do Estado.

mensagem de um vereador de goiania

MENSAGEM

Há muitos anos acompanho o sofrimento, a dor, a agonia e a falta de respeito com
que convivem boa parte dos radioacidentados de Goiânia. Isto fez com que, como
vereador pela cidade, eu tivesse o privilégio de me aproximar dessas pessoas e, na
medida do possível, desse a minha contribuição em benefício dessas vítimas.
Por isso, prôpus a lei 8257, que instituiu o Fórum Municipal para Acompanhamento
e Avaliação do Acidente Radioativo do Césio-137, sancionada pelo então
prefeito Pedro Wilson, em 19 de maio de 2004.
Como disse na minha justifi cativa para a instituição do fórum, é explícita a
falta de políticas públicas que garantam maior inserção social das vítimas, o que
estimula a proliferação do sentimento de abandono por parte dos mesmos. Tudo
sem falar na falta de exatidão dos dados numéricos de quantas pessoas foram infectadas
na cidade. Com as discussões, este assunto nunca cairá no esquecimento,
ao mesmo tempo em que obriga o poder público municipal a voltar os olhos para
os radioacidentados.
Assim, é com muito orgulho que apoiei desde o primeiro momento esta obra.
Nunca tivemos um livro assim, mesmo passados 20 anos do acidente. Nunca os
heróis — retratados aqui — foram as vítimas. Nunca os holofotes estiveram voltados
para a prova de coragem que cada um dos enfocados nesta obra deu neste
tempo todo.
Este é, verdadeiramente, um livro que faltava. Ainda bem, não falta mais.

Luciano Pedroso
Vereador por Goiânia

HISTORIA NA INTEGRA DO LIVRO!

Sobreviventes do Césio - 20 Anos depois
Carla Lacerda
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Tentei, mas de antemão aviso aos mais incautos: não dá para descrever, em sua totalidade, o sofrimento das vítimas do acidente com o césio-137. Cada palavra aqui digitada é simplória. Ineficiente. Injusta diante dos percalços enfrentados por aqueles que, involuntariamente, se tornaram protagonistas da maior tragédia radioativa do mundo em área urbana.
Durante quase um mês acompanhei a rotina de diversas pessoas afetadas pelo acidente.
Um dos objetivos da série publicada pelo jornal HOJE, entre agosto e setembro de 2007, era reconstruir a história a partir dos relatos de quem se encantou ou, de forma não deliberada, acabou se envolvendo com — e pelo — “brilho da luz azul”.
Mais do que recontar o desastre, as reportagens do HOJE optaram por priorizar a trajetória das vítimas. Afi nal, mesmo depois de duas décadas — e em meio ao turbilhão de dados, números, informações, desinformações, incertezas e preconceitos dos últimos anos —, elas guardam na memória “capítulos” de um livro ainda em curso. E foram
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Como estão os sobreviventes? O que sentem? Como era o dia-a-dia antes daquele domingo, 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado para tratamento de câncer — que continha a cápsula de césio — foi encontrado por dois rapazes em um terreno baldio onde funcionava o antigo Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), hoje
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As respostas a esses questionamentos geraram dez reportagens e estimularam a criação deste livro. Depois de encerrada a série, e ainda impressionada com os depoimentos, fui atrás de outras vítimas. Confesso: é complicado pincelar dados para publicá-los quando se está diante de um universo tão vasto. A Superintendência Leide
das Neves (Suleide) reconhece e faz o acompanhamento de 733 pessoas, que considera vítimas diretas e indiretas do acidente. Estimativas extra-ofi ciais, entretanto, elevam o número para 1.500.
Frente ao desafi o, algumas opções. Juntei os relatos de 20 sobreviventes, quantidade escolhida por causa das duas décadas da tragédia, completadas em 2007. Contei com a colaboração incansável e valiosa do então presidente da Associação das Vítimas do
Césio-137, Odesson Alves Ferreira, tio da menina Leide das Neves, 6, vítima-símbolo da tragédia. Odesson forneceu dados, tirou dúvidas e revelou onde poderia encontrar as pessoas afetadas pelo material radioativo em 1987.
Cada capítulo do livro equivale à história de um personagem. Na verdade, 18 pessoas que estiveram envolvidas de alguma forma com o acidente expõem suas recordações.
Os dois capítulos fi nais não são baseados em depoimentos de vítimas. O 19º retrata a busca da autora pela versão de um desses sobreviventes. Já o capítulo de número 20 traz uma curiosidade: a história de Gumercindo Marçal, um senhor de 84 anos que vive no
lote onde há 20 anos morava a família de Leide das Neves. No quintal do octogenário nasceram árvores contaminadas pelo césio.
Entre as vítimas que narram seu envolvimento com o elemento radioativo estão sete das 14 que precisaram ser transferidas para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de
Janeiro. A unidade carioca era a responsável por atender os contaminados em estado
mais grave. Dos pacientes internados, quatro não retornaram vivos a Goiânia. Maria
Gabriela Ferreira, 37; Leide das Neves Ferreira, 6; Israel Batista dos Santos, 22; e
Admilson Alves de Souza, 18.
O tio e o pai da menina Leide, respectivamente Devair Alves Ferreira e Ivo Alves
Ferreira, faleceram anos mais tarde. Segundo os laudos, o primeiro de cirrose, em 1994; o
segundo de insufi ciência respiratória, em 2003. Embora não divulgado na época, o laudo
de Devair também aponta que ele tinha câncer em dois órgãos: na próstata (um adenocarcinoma
focal) e no esôfago superior (um carcinoma epidermóide micro-invasivo).
Dos oito sobreviventes que passaram pelo Marcílio Dias, sete contam nas páginas
seguintes suas experiências, traumas, medos e lembranças. Apenas um não foi localizado:
Geraldo Guilherme da Silva, foco do capítulo 19. Funcionário do ferro-velho de Devair,
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Sanitária. Sem imaginar a repercussão que o caso teria, eles evitaram que a extensão
do acidente fosse ainda maior.
Como os 20 capítulos do livro são independentes, apresentamos um índice com um
breve resumo de cada personagem central. Assim o leitor pode escolher por onde começar
a leitura. No fi nal da obra, um anexo sobre questões atuais, como processos judiciais,
saúde das vítimas e o depósito de Abadia de Goiás, para onde foi transportado o lixo
radioativo acumulado do acidente.
Como reforcei linhas acima, a obra sustenta-se nos depoimentos de alguns dos sobreCARLA
viventes. Dou publicidade ao que eles pensam, sentem e se recordam sobre setembro de 1987. Não é objetivo investigar as contradições verifi cadas. E não foram raras. É válido destacar que as lembranças das vítimas nem sempre vieram acompanhadas de precisão numérica. Algumas versões e datas não batem, evidenciando também detalhes díspares.
Independentemente das divergências, ou do eventual choque com notícias publicadas pelos jornais da época, mantive a integridade dos relatos confi denciados.
A mim, e espero que a você também, não importa como a história foi divulgada pelos órgãos ofi ciais nos últimos anos. Importa saber como ela foi guardada no coração e na mente de quem carrega marcas indeléveis de um trauma ainda não superado.
este ano completa 22 anos e aqui em manaus amazonas sera a hora de poder em forma de conforto fazer-mos uma simples homenagem a todos os envolidos neste triste episodio e dia 13/09/2009 sera realizda uma missa em memoria e que DEUS abençoe a todos!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A Nova Democracia

Césio 137 Ainda faz vítimas em Goiânia PDF Imprimir E-mail
Archibaldo Figueira
http://www.anovademocracia.com.br/18/18-07.jpg
ADefesa Civil levou os moradores de toda a área para o Estádio Olímpico
Novos casos de câncer aparecem em Goiânia em consequência do acidente ocorrido em setembro de 1987, quando catadores de papel violaram a cápsula de césio 137 de um aparelho “esquecido” pelos proprietários do Instituto Goiano de Radiologia (IGR) ao transferirem sua empresa de uma área antes ocupada pela Santa Casa da Misericórdia.

Desde então, o Tesouro goiano paga pensão a dezenas de famílias atingidas pelo acidente, mas agora se avolumam os requerimentos dos descendentes das vítimas originais, mulheres que estavam grávidas, crianças nas quais a doença tardou a se manifestar, policiais militares e bombeiros que participaram de operações de triagem. A “despesa” aumenta, o governo estadual estrila; o federal silencia.

Físicos da Universidade Federal Fluminense (UFF) constataram que hoje os níveis de césio, em Goiânia, permanecem abaixo do limite máximo ao que um ser humano pode se expor à radiação. Entretanto, em 2001, eles localizaram duas goiabeiras contaminadas, com índices acima do considerado normal para plantas e pediram à Comissão Nacional de Energia Nuclear a retirada das árvores. Isso significa que o césio contaminou a árvore quando do acidente e, ao percorrê-la pela seiva, foi se depositando até chegar às folhas. As goiabeiras foram arrancadas em outubro daquele ano.

Já em setembro de 2002, pesquisa realizada pelo jornal O Popular revelou que, em 100 pessoas envolvidas de alguma forma com aquele acidente, 92 apresentavam doenças relacionadas à radiação. A deputada estadual Carla Santillo, filha do então governador do estado, Henrique Santillo, já falecido, acusa o governo federal de total omissão no socorro financeiro às famílias e ao estado, afirmando ainda que durante todo esse tempo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnem) limitou-se a depositar o lixo radiativo em Abadia de Goiás, um município próximo à capital goiana, e permanece despreparada para agir com eficácia se as circunstâncias se repetirem.

Uma nota técnica da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), datada de 19 de dezembro de 2001, informava que, até aquele momento, 621 pessoas tinham sido “caracterizadas como expostas ao césio 137. Destas, 104 foram vítimas diretas do acidente e outras 517 sofreram exposição posterior”, e destacava: “Estima-se que, a partir do próximo ano (2002), quando completam 15 anos de acidente, haja um crescimento da taxa de incidência de câncer nessa população”. É o que parece estar acontecendo.
O cientista injustiçado

O homem que evitou um mal maior — o geólogo mineiro Sebastião Maia, à época gerente da Nuclebrás — só agora teve seus méritos reconhecidos, com a aprovação, pela Assembléia Legislativa, de projeto de lei que lhe concede o título de Cidadão Goiano. Mas, quando era o único a dispor de um medidor de radiação capaz de provar a gravidade do acidente e ajudar os médicos na formulação do diagnóstico (os sintomas se assemelhavam aos da intoxicação por alimentos), foi punido com afastamento do cargo e disponibilidade por ter usado os instrumentos de medição sem autorização das autoridades militares e civis.

O semanário Opção, que circula em Goiânia, fez recentemente um balanço das sequelas do acidente, concluindo que, entre mortos e feridos, alguns se deram bem, a exemplo de José Júlio Rosenthal (o diretor da Cnen que deveria vigiar a cápsula de césio), bastante aplaudido na Assembléia Legislativa, ao finalizar emocionado discurso, logo depois de virar Cidadão Goiano e contribuir para a punição de seu subordinado, Sebastião Maia.
Aviso prévio

Duas instituições — a Cnen e o Tribunal de Justiça de Goiás — sabiam que o IGR estava transferindo seus equipamentos. O Opção apurou agora que, dois anos antes do acidente, os proprietários do Instituto Goiano de Radioterapia comunicaram ao superintendente de fiscalização daquela Comissão, José Júlio Rozenthal, que estavam mudando de endereço e pediam autorização para substituir a bomba de césio por outra, de cobalto. A responsabilidade pela fiscalização de equipamentos radioativos é da Cnen, levando em conta que a atividade nuclear no Brasil é monopólio da União. Havia também uma pendência judicial entre o IGR e a Conferência São Vicente de Paula, ligada à Santa Casa, então proprietária do terreno, assim como o Ipasgo (Instituto de Previdência e Assistência Social do Estado de Goiás). Ao saber que um dos donos do Instituto Goiano de Radioterapia, médico Carlos Figueiredo de Bezerril, iria retirar objetos daquele local, em maio de 1987 a diretora administrativa do Ipasgo, Saura Taniguti, recorreu à Justiça para impedi-lo através de força policial.
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Como nada aconteceu, no dia 6 de setembro de 1987, um domingo, os catadores de sucata Roberto Santos Alves e Wagner Motta pegaram o equipamento abandonado, abriram a golpes de machado a cápsula de césio e o mundo desabou sobre Goiânia.

A dupla deu tanta pancada na cápsula que dela saiu um pó esverdeado. Uma hora depois, Roberto começou a perceber que alguma coisa estava errada. Suas vistas se embaralharam e ele teve náuseas. Wagner começou a sentir os efeitos aos poucos. Eles vieram e em grande quantidade. Só que ele achava que tudo tinha uma explicação. No dia 13 de setembro, oito dias depois de seu primeiro contato com o césio, por exemplo, ele vomitou, mas já tinha um diagnóstico: comera manga com coco, e estava com intoxicação alimentar.

As autoridades sanitárias se defrontaram com a verdade quando a dona de casa Maria Gabriela, integrante da família dos catadores, levou uma garrafa de Coca-Cola irradiada ao Serviço de Vigilância Sanitária de Alimentos, e informou ao médico Paulo Roberto Monteiro que “todo o povo lá de casa estava ficando doente”. Desconfiado de que havia intoxicação demais, o médico procurou seu velho amigo e vizinho, Sebastião Maia, pedindo-lhe para levar o medidor de radiatividade à sua sala. Não foi necessário ao geólogo, entretanto, nem se levantar da cadeira. Bastou ligar o equipamento para comprovar que Paulo Roberto Monteiro já apresentava sinais de irradiação pelo césio. Disse-lhe para ir para casa, tomar um bom banho com sabão neutro, jogar as roupas fora, e voltar.

Com o retorno do médico, a dupla foi de carro para o Serviço de Vigilância Sanitária. Conta Sebastião: “Já a cerca de três quadras do local todos os alarmes soaram. Não havia dúvida que a irradiação estava se espalhando por toda a área.”

Avisado, o secretário de Saúde, Antonio Faleiros, comunicou imediatamente o fato ao governador, Henrique Santillo, que antes de falecer em 25 de junho de 2002 deixou contra o governo federal um libelo acusatório jamais respondido.

A equipe do Corpo de Bombeiros cogitou jogar a peça que abrigava o césio em um rio ou qualquer outro lugar. A Defesa Civil providenciou para que os moradores de toda a área fossem levados para o Estádio Olímpico. Era a hora que ninguém imaginava que pudesse chegar: o momento de tirar do papel o Plano de Emergência da Cnen e da Defesa Civil.

O jornalista Weber Borges, autor do livro Eu também sou vítima, onde relata o acidente, destaca que “na madrugada de 30 de setembro, José Júlio Rozenthal, chefe de fiscalização da Cnen, desembarcava em Goiânia com o rosto crispado pela preocupação. Foi direto para o Instituto Goiano de Radioterapia, a uma hora da manhã. Seus equipamentos de medir radioatividade já tinham disparado. Às duas e meia estava no Estádio Olímpico, para onde tinham sido levados os contaminados. Chorou pela primeira vez, ao ver os rostos insones, carregados de angústia e medo.”

Com a imprensa sensacionalista louca para achar um culpado, no dia 9 de outubro o Jornal Nacional, da Globo, noticiava que o então presidente José Sarney queria a prisão dos envolvidos no acidente. A Polícia Federal fechou o aeroporto “para evitar a saída dos envolvidos”. Dois dias depois, o mesmo programa mostra documentos sobre o caso e o promotor público Sullivan Silvestre, mais tarde morto em um acidente de avião, diz estar procurando os grandes responsáveis pelo acidente: “E iremos prendê-los”, completava. Mais cinco dias, e o então governador de São Paulo, Orestes Quércia, anunciava a identificação de seis focos de radioatividade provocados pela importação de papel de Goiás, nas cidades de Valinhos, Osasco, Araras, São Carlos e Cordeirópolis.
Condenação dos responsáveis

Quase nove anos depois do desastre, os médicos Bezerril, Criseide Castro Dourado e Orlando Alves Teixeira, mais o físico em medicina, Flamarion Barbosa Goulart, funcionário do IGR, foram condenados a três anos e dois meses de prisão. Como tinham bons antecedentes, puderam usufruir do regime aberto. Outro sócio do instituto, Amaurílio Monteiro de Oliveira, conseguiu não ser condenado: a punição havia prescrita.

Durante quase seis meses, os condenados dormiram junto a outros presos comuns na Casa do Albergado Guimarães Natal, em Goiânia. Podiam sair durante o dia e depois trocaram o resto da pena por prestação de serviços à comunidade.

Pouco se sabe sobre os médicos que se envolveram no episódio, principalmente aqueles que atenderam os pacientes que tiveram acesso direto à fonte de césio.Todos os que tiveram contato com a fonte (e estes eram apenas os piores casos) fizeram uma verdadeira romaria de hospital em hospital, de clínica em clínica, atendidos ora por um, ora por outros, demorando na explicação dos vários problemas, passando por avaliações minuciosas. Ninguém jamais se referiu ao acontecido com os médicos que atenderam as vítimas.

O médico Imar Crisógno Fernandes, major da Polícia Militar, foi um dos que atendeu não um, mas 10 irradiados de uma só vez, sem que lhe tivessem contado qual era o verdadeiro problema da sua clientela. Os pacientes queixavam-se de dor de cabeça, cansaço, náuseas e vômito, e ele acreditava na versão oficial: todos estavam intoxicados, sim —devido a um vazamento de gás. Nove dias depois de aberta a cápsula, Wagner, que quebrara a cápsula de césio junto com Roberto, foi internado no hospital. Em 21 de setembro, o médico Emiraldo Soares,do Hospital São Lucas, atendeu a Maria Gabriela Ferreira, filha de Devair Alves Ferreira, que havia comprado a peça de césio de Roberto. Ele permanecera 19 dias em contato com o césio. A mãe, também chamada Maria Gabriela, que dormira com a filha durante alguns dias ao lado de fragmentos de césio espalhados pelo chão, recebeu, inicialmente, diagnóstico de desidratação. Foi Dona Maria Gabriela que possibilitou a identificação do acidente por Paulo Roberto Monteiro e Sebastião Maia.

Semanas depois, outra fase do pesadelo. Os técnicos da Cnen descobriram que os hospitais estavam cheios de radiação. Os tambores de rejeitos sólidos começaram a ser fechados no dia 1º de novembro no Hospital Geral de Goiânia. Três macacões viraram lixo radioativo dia 11 de novembro, além de duas pás, duas botas e um saco com sapatilhas usadas por médicos e enfermeiros. A situação chegou ao extremo no Hospital de Doenças Tropicais. Na enfermaria 13, o piso foi arrancado. A sala interditada e até os móveis foram para os enormes tambores amarelos do depósito permanente. Um ambulatório também estava contaminado.

Por longo tempo, foram catados focos de contaminação pelas ruas de Goiânia. A coleta incluiu cachorros das redondezas e até uma galinha que vivia na Rua 15-A Setor Aeroporto. José Júlio Rozenthal vive atualmente em Israel.

sábado, 1 de agosto de 2009

REPUTAÇAO E CARATER!

Reputação e caráter
As circunstâncias entre as quais você vive determinam sua reputação.A verdade em que você acredita determina seu caráter.A reputação é o que acham que você é.O caráter é o que você realmente é...A reputação é o que você tem quando chega a uma comunidade nova.O caráter é o que você tem quando vai embora...A reputação é feita em um momento.O caráter é construído em uma vida inteira...A reputação torna você rico ou pobre.O caráter torna você feliz ou infeliz...A reputação é o que os homens dizem de você junto à sua sepultura.O caráter é o que os anjos dizem de você diante de DEUS.!!! jorge56@yahoo.com.br.